Quem sou eu ?
Gosto de pensar que algumas vezes as palavras realmente querem te levar a algum lugar, como as que eu escrevi em algum ponto de 2017 quando estava no meio do meu terceiro ano, tentando descobrir quem eu era. E mesmo sem saber, acho que vale tentar.
" Desabafo 7: Conheça-te a ti mesmo
Passei um bom tempo
lendo pra tentar entender as pessoas, pesquisando sobre comportamento corporal
e as observando pra ser mais perceptivo. Uma dinâmica boa pra isso é reparar em
seus próprios comportamentos, tentar entender o motivo que te leva à cruzar os
braços ou dar um passo pra trás durante uma conversa, e assim aos poucos você
pode ver melhor esses mesmos gestos nas pessoas. E talvez isso foi um erro,
sempre tentei entender as outras pessoas e deixei de lado quem eu sou.
E sem me conhecer fui
só afundando em erros simples, sempre me criticando demais, sempre vendo meus
erros e fechando os olhos para os acertos, me culpando por coisas que não
seriam diferentes, e sempre tentava me convencer de que esses erros eram
normais e que através deles eu poderia aprender e ser mais forte, o que até que
é verdade, mas assim eu nunca tratei a doença, só amenizei os sintomas.
Não adianta muito
amenizar os sintomas por um ou dois dias, a doença ainda vai estar lá, e quando
voltar, vai voltar mais forte. E nessas horas eu sempre me dizia a mesma coisa:
‘’ Bons marinheiros não se formam em águas calmas ‘’. E cada vez essas palavras
pareciam mais fracas ao saírem da minha boca. Pra não me entregar eu procurei
novidades, passei a meditar, tocar violão, me exercitar bem mais, ler mais
poemas, até garotas novas, e por mais que algumas fossem incríveis, nunca me
senti bem com mais ninguém.
É como se tudo fosse
uma fileira de dominós, ao seguir a vida me tratando como me tratava derrubei o
primeiro, e assim meu foco caiu em seguida, e com ele as minhas visões para o
futuro, sem pretensões não havia motivo pra me dedicar a nada, logo me tornei
mal humorado e comecei a ter descontroles emocionais, e minhas medidas para
contornar o problema levantavam, as vezes, até um dominó ou outro, mas era
preciso bem pouco para caírem mais três, e quanto mais caiam, mais eu me sentia
sozinho.
Não sei como
concluir, só sei que os dominós continuam caídos e que não faço ideia de como
levanta-los. "
Entendo hoje que não haveria conclusão mesmo, somos páginas em aberto, assim como estas. Entendo também que nem sempre se trata de por os dominós de pé, alguns precisam ficar caídos pra que se possa olhar pra eles e saber o porquê que estão lá. Aprendi que não há nada que vai me preencher além de mim mesmo, e que estar sozinho não é tão ruim.
E quem sou eu ? Eu sou o universitário padrão de matemática que sofre pra passar em cálculo e culpa o professor ? Sou o estagiário que chega com sono todo dia e aguenta tanta coisa por um emprego, no fim, ingrato por praticamente todos os envolvidos ? Sou o cara que mal sabe conversar e se culpa por afastar tanto as pessoas e acabar fechado no seu próprio canto ? Ou quem nunca sai e faz nada de emocionante, e de tão monótono parece até parte da paisagem ?
Acho que assim como eu não escrevo na esperança que alguém vá ler, não devo me perguntar isso esperando achar uma resposta. No fim, o importante não é responder a perguntar, nunca foi, o importante é quem eu me torno no processo.
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